Puruṣārthas.
Um estudo sobre a reavaliação do que eu considero como meu objetivo de vida.
Qual é o meu principal impulsionador para levantar da cama?
Qual a minha principal meta/ objetivo de vida?
De modo geral, existem duas fases motivacionais do ser humano:
Na primeira fase, a busca pela minha segurança (artha) e sobrevivência sobressai ( ter um teto, alimento, agasalho, dinheiro etc).
Meu esforço está dedicado a minha estabilidade financeira e sustento dos meus familiares.
Depois que percebo que atingi algum patamar, eu decido usufruir merecidamente de todo meu dinheiro através da busca pelos prazeres da vida (Kama). Desta forma dedico minha vida a busca por dinheiro e prazeres momentâneos.
O meu conceito de felicidade resume-se a atender meus desejos e todas minhas necessidades mais fúteis.
Desta maneira, vivo aprisionada na roda dos desejos sem fim, já que um desejo vai sempre puxar outro.
Uma roda de dor que pode estar presente durante toda esta vida ou a próxima.
Este ciclo chamado Saṃsāra é movido pela manifestação das aflições mentais (kleshas): ignorância, egoísmo, aversões, apegos, tentativa de controle da vida e a total indiferença da busca pelo autoconhecimento.
Nesta fase, o ego é o comandante cego que orienta a vida. Todas as minhas ações são para atender o meu "Eu".
Nesta fase, a dor é quase inconsciente. Apesar de conquistar tudo, ainda me sinto incompleto, insuficiente, e com a sensação de que sempre falta algo:
- " Se eu conseguir comprar aquele carro, aquela casa, aí sim, serei feliz!"
Um ciclo sem fim de tentativa frustrada de um bem estar que nunca chega.
Esta confusão mental pode e deve ser combatida com a busca pelo entendimento do Dharma.
Nesta segunda fase da vida, após eu continuar insatisfeito e infeliz mesmo depois de todas as conquistas, eu começo a me questionar e reavaliar as minhas ações. Uma fase que a dor é necessária, através de uma doença, de uma perda, de um trauma, de uma decepção ou simplesmente, depois de discernir meu conceito de vida.
Uma nova fase que agora, já começo a me preocupar com algo maior; uma ordem universal que devo seguir.
Eu começo a estar atento a como me colocar para o mundo, e quais as consequências das minhas ações com outro. Isto é o caminho do Dharma. O caminho do amor.
Como minhas ações podem prejudicar ou ajudar alguém?
Começo a ter um olhar mais carinhoso para minha estima.
Eu começo a questionar meu entendimento do que é a vida.
Qual a minha contribuição para o mundo?
Como eu posso somar?
Como eu posso sair do meu egoísmo, e agir mais próximo de um protótipo divino?
Através da investigação interna posso evoluir, e aos poucos eliminar as dores, o ciúme, o vitimismo, o apego, a malícia...
Quando retiro tudo que já não faz sentido, sobra o conhecimento e a verdade.
A verdade que orienta o meu ser e que esclarece o real conceito de felicidade. Porque a verdade é: eu não quero ser feliz, mas sim deixar de sofrer.
Eu quero estar livre de sofrimento (Mokṣa)
Eu quero deixar de ser um eterno buscador.
Eu quero ser livre para ser quem eu sou por direito. Quero minha autenticidade de volta. Quero a espontaneidade.
Eu quero acordar e poder assumir minha essência. Eu quero me expressar, somar e contribuir para o mundo.
Este sim, deveria ser o real motivador da vida para embelezar nosso Saṃsāra e não mais ter que nascer.